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Diário de Bordo de uma estudante missionária em Hokkaido: Dias 11 e 12 ( terça e quarta feiras décima segunda postagem)







Os dias tem sido muito quentes mesmo em Sapporo, temos trabalhado a 30 graus Celsius. Vim da região central do Japão e lá está a 35, 37C. Aqui, como é norte, é mais fresco. No inverno, há as famosas esculturas de gelo em praça pública. Quem sabe um dia volto aqui nessa época.  Acho que estou delirando. Pensar assim vai diminuir ou aumentar minha sensação de calor?
Também penso em comida fria, gelada. Aliás, aqui no verão servem  massa fria/gelada mesmo. Chamam de "somen". E some mesmo goela abaixo! Há outras massas: udon, soba... e todas tem suas variações frio/quente com ingredientes e caldos variadíssimos. É a comida mais simples e de rápido preparo, por isso as comunidades e igrejas oferecem no sábado, no almoço, esse tipo de prato.  Assim, a igreja aqui fica parecendo um restaurante, até: há uma "janela" da cozinha  e de lá as senhoras, diaconisas de plantão, servem a opção escolhida, se soba ou udon (quente/frio, mesmo no verão, tem as duas opções), depois de você deixar uma "oferta" de 200 yens numa caixinha. Já vi esse estilo numa igreja em Tokyo também. E é apenas uma porção, sem direito a repetir. Mas não pense que passei fome aqui. Pode ter parecido isso, mas as senhoras voluntárias nos serviram muita comida nesses dias todos. Bem variada, vegetariana e saudável. Imagino que estejam bem cansadas, mas alegres por também terem usado seu tempo e dons por uma causa Maior. 

Falemos de trabalho. Fui tentada hoje a "pular" um escritório, com medo de abordar alguém muito ocupado e a recusa me deixar desanimada. Lembrei-me do que um dos líderes nos disse: "Vá a todos os lugares, sem  falhar, há sempre uma alma a ser salva." E justamente hoje, eu e o Samuel nos deparamos com um escritório e era a minha vez de apresentar o projeto. Começamos sempre com livros de receitas culinárias para as senhoras nas casas. Ali, não daria certo. Ajustei para que na introdução falasse das revistas Sinais dos Tempos, que no Japão, é a segunda revista mais antiga ainda em circulação, com 117 anos. Estamos com várias de números atrasados, por causa de sobra de estoque. Uma é 484 yens, o valor de três garrafinhas de suco ou chá gelado vendidos em máquinas automáticas de rua, muito comuns aqui. Assim, como se fosse uma de "amostra", fazemos duas, incluindo a de números anteriores,  por 500 yens.  E parece que essa "oferta" deu certo. Atendeu-nos um homem muito simpático, gentil, que decidiu ficar com as duas revistas. Isso pode parecer algo trivial, corriqueiro, para um colportor  do meu país, mas como foi minha primeira experiência positiva num escritório, parecia de engenharia, saí dali radiante. Pensei que nunca teria esta experiência de entregar uma literatura cristã num estabelecimento comercial.

"Obrigada, Senhor. Que ele leia. Que sua mente seja despertada para o cristianismo, algum dia." 

Estamos na última semana de trabalho. Estou bem cansada. Será um alívio terminar, mas posso imaginar que ficará um "buraco" depois. É estranho: estamos preenchendo alguns buracos dentro da gente com esses contatos, mas outros se abrem dentro de nós. Por que será?  De que são feitos esses "espaços" dentro da gente? Fiquei pensando nisso...    

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