Diário de Bordo de uma estudante missionária em Hokkaido: Dia 10 (segunda-feira, décima primeira postagem)
Por causa dos hematomas na perna, a líder disse que se
quisesse e precisasse, poderia descansar. Bem que eu poderia aproveitar isso para "amolecer", mas não seria necessário, melhor dizendo, justo. Decidi ir, apesar do
"tatami" me convidar para ficar dormindo. Em realidade, ninguém fica dormindo, já soube disso. Quem não sai, recebe outros trabalhos para fazer, "de escritório" ou de visitação a interessados já de algum tempo, indicados pelos membros.
Minha equipe mudou. Agora temos até o líder master conosco. Ele está no Departamento de Publicações da União Japonesa há várias décadas! Saiu conosco, carregou muito peso, não podia correr como nós, mas andou muito. Também ficou com as costas bem doloridas. Não conseguimos bons resultados. Foi bem triste, quase desanimador, mas vi que ele se esforçou pela idade que tem e por estar muito quente! Tínhamos que ir mesmo mais devagar, por termos a companhia dele. É isto, na colportagem: há dias que não temos resultados surpreendentes. Nem mesmo resultados satisfatórios. Sem palavras. Assim, ficamos.
Nem foi possível falar com o pessoal de casa. Mas de algum modo, algo nos consolava e nos animava: O Espírito Santo e as orações dos amigos de longe e de perto.
Uma visita do domingo nos marcou muito. Visitamos uma casa que parecia um escritório ou firma. Após nossa apresentação, uma voz de homem perguntou, por interfone, se eu queria dinheiro. Reexpliquei tudo resumido. Ele insistiu na pergunta. Falei da bolsa de estudos e ele novamente perguntou se eu queria dinheiro e quanto. O líder, mais atrás, me cochichou que era para responder 3 mil yens, e assim respondi. A voz disse para esperar e abriu a porta segundos depois. Era um homem de meia idade. Pediu que entrássemos. Meu líder e eu entramos. Não faria isso se estivesse sozinha, obviamente. Ele pediu um recibo e enquanto escrevia, meu líder disse que eu era brasileira e estava aprendendo o japonês. Ele se surpreendeu.
Também contou que eu estudava nos EUA. Ele se admirou, e perguntou em qual cidade. Quando falei, ele se admirou ainda mais, pois conhecia uma pequena cidade vizinha a da minha escola. Na verdade, disse que fôra expulso do colégio, por causa de bebida, andou por outros estados, atrás de festas, bebedeiras. Enfim, de modo um pouco confuso, contou que, quando criança, frequentara, no Japão, uma escola do Grupo Sanikku, justamente o grupo das escolas adventistas. Então foi nossa vez de nos admirarmos, pois ele e meu líder conheciam alguns professores em comum. Talvez até ele estivesse, no momento, um pouco tonto por causa de álcool. E completou: Faça o secundário bem caprichado, vá para a Universidade de Loma Linda, depois case e venha para o Japão, tenha filhos, porque o Japão precisa de crianças! (hehehehe) Fiquei ainda mais impressionada, pois ele ligava os pontos relacionados à educação adventista. Infelizmente não buscamos saber mais detalhes da vida dele.
Também nos contou que já não tem mais os familiares, todos morreram. O líder precisou escolher os melhores livros pra ele: O Desejado de Todas as Nações, O Milionário da Caverna e um outro sobre saúde, mudança de hábitos. Ele deu 10 mil yens e por causa da conversa, até esqueci de pegar o dinheiro. Foi ele quem se lembrou e entregou a nota. Muito gentil. Fizemos uma oração por ele. Ao final, disse ter visto, no momento da prece, uma luz branca e revelou ter se sentido mais perto do Céu. Eu, emocionada, não sabia mais o que dizer.
Meu líder convidou-o para ir à Igreja Adventista do 7o Dia, que não era muito longe dali. E assim nos despedimos.
Aquilo me deixou muito impressionada. Isso acontecer no meu país, com uma proporção de 1 advent/180 hab. até que é possível, mas aqui, onde menos de 1% da população é cristã, é impressionante. Teríamos sido enviados ali pelos anjos de Deus para trazer de volta alguém?
Fiquei pensando o que acontecerá daqui pra frente... Só Deus sabe.
Participe dessa obra de redenção e espalhe com fé a Grande Esperança todos os dias, de modo consciente, intencional. Deixe com o Senhor os resultados.
"Os que trabalham para o bem de outros estão trabalhando em união com os anjos celestiais. Gozam sempre sua constante companhia, seu incessante ministério. Anjos de luz e poder estão sempre próximos para proteger, confortar, curar, instruir, inspirar." E. G. White, A Obra Daquele Outro Anjo.
Que li do seu relato. Gostei de conhecer seu blog. Colportei durante a faculdade e pude presenciar muitas bençãos como está! Estarei orando por vc!
ResponderExcluirQue impressionante...Lembrei de uma oferta rápida onde um comerciante no Litoral Norte de São Paulo ouviu a breve apresentação, perguntou como poderia ajudar e pagou adiantado...apenas por conhecer a IASD e a colportagem ...e desejar ajudar-nos. Foi uma oferta de menos de 5 minutos ! Não se Eliane se lembra. Estamos orando pela finalização da campanha. Parabéns pelo texto. Uma excelente descrição da colportagem numa sociedade bem diferente do Brasil.
ResponderExcluirAmanhã contaremos o último dia de trabalho e será o encerramento na SDA de Sapporo. Ela dará seu testemunho lá e aqui. Aguarde. A colportagem do Litoral Norte me marcou por ter sido a primeira, com você. Lembro-me de que a coleção custava algo em torno de 2.034,00 ( cruzeiros?) e havia o livro do Dr. Schnneider, A Cura e a Saúde pelos Alimentos, o Conflito dos séculos, e se não me engano Colunas do Caráter do Prof. J. Schwants. Dormíamos também na igreja, ainda uma construção bem precária, suspendendo comida em baldes para que os ratos não comessem... O peso daquelas férias ficou quase todo pra você! Creio que valeu o pai ter nos deixado lá. Foi um período de grandes provas. Só tenho a agradecer.
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